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Taxa Básica de Juros a 14,25% no Brasil

Julio Paschoal*

O Banco Central continua fazendo o jogo do mercado financeiro mesmo tendo havido mudanças em sua direção. O presidente e os diretores, todos do sistema financeiro seguem à risca a cartilha dos planos deflacionistas desenhados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial.

Na verdade, falta independência para bater de frente com o sistema em nome da nação, não há ambiente favorável à alta da taxa básica de juros.

O déficit fiscal cantado em verso e prosa pelo mercado financeiro, com o aval do Banco Central em 2023, foi de 116,0 bilhões de reais isso assumindo obrigações jogadas para debaixo do tapete pelo governo anterior como os 100,0 bilhões de precatórios.

No ano de 2024 com nova pressão do mercado financeiro que quer dizer ao governo como administrar? Com que gastar? Como gastar? E com quem gastar? Também com o aval do Banco Central que é independente, o governo central cumpriu a meta fiscal fechando o ano com um déficit fiscal de apenas 11,0 bilhões de reais.

O mercado financeiro e os diretores do Banco Central deveriam ter ficado com vergonha de terem defendido um cenário catastrófico, levando o dólar a bater a casa de R$6,30 colocando dúvida nos especuladores quanto a capacidade do governo central de cumprir com seus compromissos para com eles.

Que compromissos eram esses? O pagamento dos juros da dívida pública que ficaram 950,4 bilhões ou 8,0% do PIB. A dívida pública no ano de 2024 saltou de 6,5 trilhões para 7,3 trilhões de reais com alta de 12,2%. Quem foram os grandes culpados? Mercado Financeiro e o Banco Central.

Para contrariá-los, o país cresceu o PIB em 3,4% alcançando R$11.7 (onze trilhões e setecentos bilhões de reais). A taxa de desemprego ficou em 6,2% e a inflação oficial o IPCA em 4,8% apenas 0,3 pontos percentuais do teto da meta de inflação que é de 4,5%, como se isso não bastasse o superávit da balança comercial foi de U$72,0 bilhões de dólares.

Os indicadores econômicos e sociais melhoraram substancialmente quebrando o discurso da direita de que o governo gasta muito e mau.

Qual a desculpa dada para aumentar a taxa básica de juros para 14,25%? O aumento da inflação, deviam ficar com vergonha pois continuam fazendo uma leitura equivocada das causas da inflação.

 

O Banco Central seguindo as orientações do mercado financeiro defendem desde a pandemia que a inflação é de demanda, onde o consumo excessivo tem pressionado os preços dos produtos e ou serviços. Uma inverdade, sabem eles muito bem que nesse período a inflação, foi puxada pelo câmbio, falta de estoques para produção em escala e pelo preço do barril do petróleo.

Para não dizer que o cenário externo não contribuiu para sua elevação nesse período é possível colocar nessa conta as guerras da Rússia e Ucrânia junto com a de Israel e o Hamas. E mais recentemente o tarifaço patrocinado por Trump.

Tanto o cenário externo quanto interno não justifica o aumento da taxa básica de juros para 14,25%. A justificativa é uma só: desestabilizar o governo dando o remédio errado para combater a doença. Isso porque a inflação mundial é de custos e não de demanda, o remédio correto a ser dado no curto prazo é o de redução das taxas básicas de juros para estimular a oferta favorecendo a produção em detrimento da especulação financeira.

A continuar nessa linha o Banco Central, seguindo a orientação do mercado financeiro, colocará o país numa recessão.

 

Julio Paschoal*

Economista e Assessor de Economia da FTIAEG TO DF

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