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Forçado a recuar para não quebrar

Por Julio Paschoal

O dilema vivido pelo cidadão que se julgava o mais importante do mundo e pelo poder que tem nas mãos achava que podia tudo, inclusive, quebrar as regras comerciais de caráter internacional discutidas e acordadas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Me refiro ao atual presidente dos Estados Unidos da América, que embora multimilionário do setor imobiliário e da construção civil naquele país e com investimentos em outros países, quando assumiu o governo pela segunda vez achou que as medidas que viesse a tomar seriam digeridas por outros chefes de Estado sem nenhuma retaliação.

Na esfera global os países dependem entre si, de produtos de maior ou menor valor agregado. A China, principal concorrente americano, vende à esse país os chamados bens de capital ou máquinas e equipamentos, eletroeletrônicos e outros bens intermediários importantes para a finalização dos seus produtos.

Na mesma linha comercial os EUA vende para a China commodities como soja e petróleo, portanto o grau de dependência americana do país asiático é muito maior e a guerra tarifária proposta pelo presidente americano e aceita pelo presidente chinês prejudicam muito mais os americanos.

Quanto maior for a taxação americana sobre os produtos chineses, que está atualmente em 104%, maior será a inflação americana podendo inclusive esse país entrar em uma recessão.

Como as bolsas americanas, sobretudo na área de tecnologia onde concentram seus maiores apoiadores, estavam derretendo e impondo perdas diárias de trilhões de dólares o presidente foi forçado a recuar.

A disputa tarifária nos próximos três meses terá como foco apenas a China, mesmo prejudicando em muito a população e a classe empresarial americana. Para outros 75 países as taxas serão de 10,0% e nesse conjunto se encontra o Brasil.

Na contramão do que Trump faz, Lula se fortalece no continente latino-americano na 9° reunião da cúpula dos 33 países que compõem a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), em Tegucigalpa capital de Honduras.

O fortalecimento da CELAC dará ao presidente brasileiro melhores condições de defender acordos multilaterais junto à União Europeia para que os países que integram essa comunidade possam ampliar seus parceiros comerciais.

Para além de fortalecer a integração regional, também buscam de forma unânime a indicação de uma mulher, dentro da regra de rotatividade para a secretaria geral da ONU. O presidente brasileiro defende essa posição além de temas que são caros a todos os chefes de Estado ali presentes, como a questão ambiental.

Portanto, enquanto o presidente americano se volta para dentro na defesa de políticas protecionistas os outros 179 países fazem uma leitura contrária e defendem a manutenção do livre-mercado sendo mantidas as regras da OMC.

Nessa queda de braços os EUA tem muito mais a perder do que ganhar. No entanto a continuar nesse caminho dificilmente haverá apenas vencedores e perdedores. Todos os países verão suas relações comerciais se tornarem mais complexas.

Nesse sentido nada melhor do que o diálogo, pois imposições, independente do poderio econômico de quem as fizer, as perdas tendem a ser significativas para a população e para a classe empresarial mundial.

 

Por Julio Paschoal

Assessor de Economia da FTIAEG TO DF

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