JOGANDO CONTRA
Não tem sido fácil para o governo administrar os problemas do país que são muitos e ainda contar com o jogo duro, das agências de riscos cujas expectativas são sempre as piores possíveis.
O governo fechou 2024, com a taxa de inflação medida pelo IPCA, em zero três pontos percentuais acima do teto da meta, com taxa básica de juros em 13,25% e com crescimento do PIB em 3,5%.
No segundo mês do ano o Boletim Focus, um dos mais seguidos pelo Banco Central, colocou na mesa, suas expectativas para o ano de 2025, nada animadoras. Para ele a inflação deve fechar o ano em 5,58%, sustentando uma taxa básica de juros de 15,0% e como reflexo de tudo isso um PIB crescendo apenas 2,5%.
Qual o propósito de enxergar problemas onde não tem? Um dos puxadores da inflação está na valorização cambial, fato que não vem ocorrendo pelo segundo mês consecutivo, o outro são os combustíveis cujo preço do petróleo se mantém estável na casa de US$76,0.
O dólar abriu o dia de hoje a R$5,78 puxado muito mais pelo tarifaço americano, do que em razão dos acontecimentos envolvendo o governo no mercado doméstico.
No Brasil o mercado financeiro trabalha contra o crescimento da economia, mesmo obtendo lucros com as perspectivas de novos investimentos a serem realizados pelas empresas. Preferem ganhar com juros extraídos de ativos financeiros, do que em financiar com juros subsidiados o setor produtivo.
Na mesma linha tem seguido o Banco Central que considera a prática de juros crescentes como o único meio de combater uma inflação de custos, mesmo sabendo que o resultado a ser perseguido não será alcançado que é o de trazer a inflação ao centro da meta.
No período em que os juros básicos da economia estavam em 12,25% a inflação oficial fechou em 4,8%. A autoridade monetária, elevou a taxa básica de juros para 13,25% e a expectativa das agências de risco é que a inflação continuará subindo até fechar o ano acima de 5,0% justificando assim perante o governo e a sociedade, novas altas até chegar a 15,0% ao ano mesmo que isso coloque em xeque o crescimento da economia.
Quem ganha com isso? As instituições financeiras e os especuladores de plantão. Quem perdem com isso? Os consumidores que compram menos, as empresas que deixam de investir e governo, que se endivida cada vez mais, tendo um conta juros em relação ao PIB que poderá superar 10,0%.
O mercado mantém a máxima do quanto pior melhor.
Economista e Professor, Julio Paschoal. (11/02/2025)
